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ESCRITA CRIATIVA - LUGARES DE PASSAGEM
(mini-curso)
Neste curso, saímos da sala e visitámos lugares de passagem - o café, o jardim, o comboio, o mar - e traduzimos por palavras imagens, sensações e ideias que vieram ao nosso encontro.

Foi uma experiência de pura sensação de escrita ao vivo, para captar paisagens, linhas mestras de um mundo em movimento, e descrevê-las. Recuperámos o significado da palavra “errância”, para expandir e aguçar a observação de quem pode ver além do olhar.

Cada pessoa face ao mundo e cada pessoa face às palavras que o apanham e o traduzem.

Formadora: Carlota Gonçalves

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PARA LER
'A ilha do tesouro'
Por Rita Carmo
(2020; desambientação sistemática; 163 palavras)


​Ali no meio do mar vive uma secretária comum.
Antiga, de madeira castanha bem torneada e polida. Três gavetas, quatro pernas, um alçapão.
Ali no meio do mar, mesmo no meio do mar, nunca mais para a esquerda ou mais para a direita, sempre exactamente no meio do mar, flutua para sempre uma secretária antiga de madeira castanha.
A secretária que vive naquele lugar-comum viajando nas suas costas tranquila e sem peso, engole o mar em dias de mais sede e organiza as suas ondas por tons de azul e verde em dias de admiração metódica.
Ele deixa-se engolir e organizar de bom grado.
Não foi amor à primeira vista.
Mas sempre foi um mistério como ela nunca se afundara e ele nunca se magoara nas suas pernas bicudas.
Quando se conheceram algumas leis ficaram suspensas.
Só para eles. Até hoje.
Se alguma vez te encontrares no meio do mar tenho a certeza de que ainda lá estão.
Foi lá que os conheci.

'carta de amor com mar'
Por Rita Carmo
(2020; escrita epistolar / o amor; 152 palavras)


tu eras aquele que corria mais rápido à beira do mar
(Apanhámos paus e penas e pedras e conchas partidas)
 
tu eras aquele que corria mais rápido à beira do mar
 
e não sei porquê era tão importante correres rápido
à beira do mar
 
talvez porque no fim me apanhavas depressa
eu estava parada e tu corrias para mim
 
gostava de ver o teu corpo a mexer para mim
até mim
pelo mar
(Apanhámos paus e penas e pedras e conchas partidas)
 
não sinto o mesmo quando corres à beira da estrada
 
mesmo se vens na minha direcção
 
preciso que corras e sejas o mais rápido à beira do mar para mim
 
preciso que corras com o mar
até mim
 
Só nos consigo ouvir ao pé do mar
à beira da estrada o nosso amor é mudo
 
(Apanhámos paus e penas e pedras e conchas partidas)
 
tu sabes o que quero dizer
​
'carta dirigida ao seu amado'
Por ME
(2019; o comboio / a viagem e o destino; 243 palavras)

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Meu Amor,

Nesta tarde de Outono, aquecida pelos raios de sol cintilantes, olho o horizonte na esperança de te ver…

Saber esperar é uma virtude, meu Amor, e sabes como eu sou virtuosa e paciente, mas a demora em tu chegares arrebata essa virtude…

Imagino como o mar se sente, perante a maré cheia e a maré vazia – eu estou cheia de saudades e vazia da tua presença.

O movimento das ondas, a espuma na areia que, rapidamente, se esvai, embalam-me na tua ausência, afagam-me no meu corpo e adormecem a minha dor, dor sem fim, mas com princípio o nosso Amor…

O sol intenso desconforta-me e apetece-me ir ao teu encontro, entrar na água e deixar-me arrastar sem destino!

A tarde cai e no firmamento surgem os primeiros pontos de luz… aqui e acolá e sem querer cai a noite, singela e só, tal como eu, ao sabor das correntes – para cá e para lá, naquele movimento de berço e de encantamento, dá-me vontade de voar, lançar-me nas asas do desejo, subir à Coluna da Vitória em Berlim e soltar-me nos teus braços, meu Amor.

O mar envolve-nos neste sonho de mistério e descoberta, de águas esperançosas e cristalinas – turquesas ou safiras.

Que bom ter os mesmos gostos e afinidades, meu Amor, esperarei sempre por ti.

Um beijo mui________________________ito grande repleto de ternura e temperado com a flor de sal do nosso Amor

Sempre tua,
ME Carcavelos, 26OUT2029
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'De comboio rumo ao mar (o verão da minha infância que me vem buscar)'
Por Helena Campos
(2020; viagem / olhar cámara; 232 palavras) 


As pessoas nunca estão onde deviam estar. Pendulam de um lado para outro. Atravancam comboios a qualquer hora do dia e da noite. Comunicam no telemóvel num fervilhar de dedos interminável com quem nunca está ao pé delas.

Lisboa começa lentamente a ficar para trás. Um braço de rio a indiciar o mar.

A marina em Belém recorta-se ao sol de outono na preguiça da tarde de sábado.

Sábados que são uma pausa avidamente necessária no tumulto da cidade longa.

Sujeitos feíssimos olham pela janela. Hippies de roupa suja, um bêbado escanzelado de argola na orelha a esticar o dedo médio contra os passageiros, a escória da vida.

Os monumentos de Belém que representam a glória pátria de tempos de outrora que já ninguém conhece a não ser as hordas de turistas displicentes.

Agora o mar açambarca a linha do horizonte e é verão outra vez. Cristais borbulham nas águas. É o verão da minha infância que me vem buscar na voragem do comboio antigo.

Do outro lado do mar há velas e faróis que se perdem na distância.
Próxima estação: Paço de Arcos, o mar esconde-se. Ruínas de casas velhas como se o tempo não passasse. Fugir e ficar.

Próxima estação: Santo Amaro de Oeiras. A mata de Santo António a insinuar-se nas brumas da memória.

​Próxima estação: Parede. A praia de pedras, limos e algas de todos os meus verões.

'no café'
Por ME
(2019; roteiro / no café; 106 palavras)


No Café “Martinho da Arcada”, fundado em 1782, em Lisboa
Primeiro encontro – ROTEIRO – A CIDADE
 
“Because life is made of memories”.
“O que nós vemos e o que nos olha.” D. Hubermann
 
Um dos três objetos, concretos e o que para mim representa:
Açucareiro com colher e açúcar                    Noção de peso e medida certa
                                                           Adoçar
                                                           Moderar
                                                           Requinte
 
“O peso das palavras”
Lembra uma coisa e é outra.
É versátil.
Serve para permitir a dosagem com moderação devido ao tamanho e à sua finalidade.
Sem o conteúdo pode ter outra finalidade.
É uma liga similar à sua dupla utilização, remonta ao império romano.
 
Lisboa, 12 Out., 2019
​
'olhar em movimento'
Por Paula Carneiro
(2019; viagem / olhar cámara; 159 palavras)


Olhar em movimento
 
Há os que leem livros, os que ouvem música, os que são eclipsados pelo retângulo digital, os que cravam o olhar na janela do comboio, que galopa certinho pelo trilho de aço, e há o que grita: “Alcântara piece of shit”.
«NEXT STOP ALCÂNTARA»
Há os que trocam olhares, sorrisos e palavras aparentemente sem importância. Ninguém dorme. Que eu saiba, não há horas para dormir numa viagem de comboio! Todos bem vigilantes, e mais um slogan sonoro se liberta da boca do extrovertido homem do piercing no nariz: “a fuck future”. Seguramente pensa no próprio! Melhores dias virão!
«NEXT STOP BELÉM». Estamos salvos!
 
 
As mãos
 
Ela une-as sobre a mochila.
Ele ampara o livro com ambas e lê.
Ele recolhe-as nos bolsos do casaco.
Ela aperta-as uma contra a outra no meio das pernas.
Ela observa-as, em particular as unhas pintadas de rosa.
Ela apoia nelas a cabeça que descansa.
Ele grita: “look the people”, Caralho!
'pássaros talvez'
Por Helena Campos
(2019; escrita poética / haikus; 31 palavras)


Poesia vegetal
Folhas ao vento
Pássaros talvez
 
...........................................

Sons de água
Pingos de silêncio
Pássaros talvez

...........................................
 
Sombras no ocaso
Murmúrios de cor
Pássaros talvez

...........................................
​
 
Rasto de asas
Penas como folhas
Pássaros talvez

'T (Te) V (ver)'
Por Nádia Duarte
(2019; desambientação sistemática; 144 palavras)


Estava de pé na prancha de paddle e não quis acreditar no que via. Ligada ainda por cima, uma televisão navegava sem comando. Era das antigas, de botões. Aproximei-me e da primeira vez fugiu, flutuou 20cm para a direita, o suficiente para não a conseguir alcançar. Decidi agachar-me e mal equilibrado fiz nova tentativa. Estiquei o braço e… ela mudou de canal, afastando-se. Provocadora exibiu um jogo de futebol. Sorri-lhe. Mantivemos os 20cm de distância entre nós, ela aumentou o volume do relato e ficámos assim um bocado, lado a lado, mas o futebol não lhe agradava. Experimentei tocar-lhe de novo, mas antes de o fazer hesitei e ela reparou. O mar balançou-nos surpreendendo-nos e ambos ficámos com os ecrãs salpicados. Ela aproveitou o embaraço para aproximar-se da minha prancha e eu aproveitei o momento para lhe tocar no botão.

Mudei para o telejornal.

'trajecto / café / retrato / proema'
Por Nádia Duarte
(2019; espaços, objectos, pessoas; páginas)

'a rua tortuosa...'
Por Paula Rodrigues
(2020; cartas de Nougé; 659 palavras)


A Rua Tortuosa é a minha jugular. Da cabeça ao coração ou do coração à cabeça, são tantas as dúvidas que me assistem. Penso com que órgão? Como os ligo? A rua tortuosa não é a minha vida inteira. Mas são os momentos em que a realidade dói, em que escrevo aos tropeções, como um rio exaltado e revolto. A água que bate nas pedras, faz ricochete, espalha-se e volta a mergulhar no seu leito. Já não inteira, já sem pedaços de si, mas pronta para se juntar a outras gotículas e voltar a embater… A rua tortuosa é como a minha aorta, quando o sangue irriga aos tropeções, o bater do meu coração. São muitas artérias, muitas ruas tortuosas e quero pensar que, no caminho, há entroncamentos e interseções… até mesmo rotundas, para voltar uma segunda vez, ou terceira, ou quarta. A rua tortuosa é a maravilha da imperfeição, a possibilidade única que a vida, o rio, nos dá de caminharmos no meio ou na margem, de nos deixarmos ir na corrente ou na torrente, de não escolhermos levar tudo a direito, às direitas. A rua tortuosa é a nossa marca de humanidade. O nosso delírio. O nosso medo. E por causa dela valorizamos as esquinas onde nos encontramos, os abraços, os beijos, a pele, os olhos nos olhos. Por causa dela, apreciamos sentar e descansar… ganhar novo fôlego e voltar à luta.
 
......................................................

A Noite sem Contorno é clara. Tem uma luz esbranquiçada a caminho da madrugada. A noite sem contorno é o dia de todas as possibilidades, é o futuro a fugir das trevas, a ensaiar um mergulho na água fresca e límpida. A Noite sem contorno é o aconchegar da lua e o espreguiçar do sol, naquele raro momento em que se fundem, em que são virtude, em que tudo é esperança. Não há opacidades, não há cores primárias, não há excessos… tudo é translúcido. As penumbras não são sombras, não são pecado, não são enxovalho. São a luz a brotar, a tatear, a experimentar o melhor ângulo, o melhor ponto de vista. A noite sem contorno é a primavera que sai do longo inverno, em viagem até ao verão. As madressilvas em flor nos matagais da nossa existência, nos terrenos baldios da nossa vida… trepando por nós adentro com o seu perfume adocicado. A Noite sem contorno é a escrita e a reescrita diária. A forma a libertar o conteúdo. A ciência e a religião apaziguadas, uma longa treliça em equilíbrio. A noite sem contorno é a leveza em estado puro…  forte e resiliente!  
 
......................................................

Mas Eu que Aqui Estou… pergunto-me que sentido têm as perguntas sem resposta. Porque as fazemos? Para quê? Porque nasci eu neste tempo, neste país, nesta família? Porque fui projeto de duas pessoas? Mas eu que aqui estou… de que me servem as perguntas se nunca terei as respostas? Será que fazemos mesmo as perguntas para as quais já temos uma resposta? Mas eu que aqui estou… levanto as mãos para os céus e digo em voz alta que gosto de estar aqui, colecionando as minhas penas e pedras. Fazendo colagens, colocando coisas de pernas para o ar, rindo-me do ridículo, guardando com mãos de artista as pequenas pérolas da vida. Mas eu que aqui estou… nada mais sou do que uma mulher a dias… uns dias mais para lá, outros mais para acolá. Estou sempre AQUI. Mesmo quando me ausento para outros destinos. Esta obrigação de partir e de regressar… este vaivém de mim para o outro, de um lugar para outro lugar, de mim para mim, é a minha liberdade. É a resposta à pergunta sem resposta. Neste país à beira mar plantado, os meus campos de batalha não têm guerra nem fome de pão nem sede de água nem valas comuns nem credos impostos. Mas eu que aqui estou… também sei das minhas lutas, dos meus lutos e das minhas ânsias… bem guardados em gavetas acolchoadas de cetim!
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PARA OUVIR
'a ilha do tesouro'
Por Rita Carmo
(2020; desambientação automática; 1' 20'')
'carta de amor com mar'
Por Rita Carmo
(2020; escrita epistolar / o amor; 1' 08'')
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